domingo, 4 de janeiro de 2009




Lá na minha casa existem fantasmas. Muitos deles. E cada um da sua maneira. Conheço todos. Os fantasmas que tem lá, não saem de lá e, infelizmente, não caminham comigo.

Sim! É claro que às vezes eles me assustam. Tenho sempre que me esconder para que eles não me preguem nenhuma peça. No escuro eles fazem festa. Zombam da minha cara como se, com isso, me tornasse um deles.

Tantas vezes eles me sufocam, fico sem ar, paralisada. E quando já estou quase morrendo, eles me soltam e dizem que só fizeram aquilo para me proteger dos fantasmas vizinhos.

Sinto falta deles...

Hoje eles não estão aqui.

Outros fantasmas não me assustam, outros fantasmas me aterrorizam, me colocam algemas e uma arma na cabeça. Colocam o sofrimento deles dentro de mim como se me fosse possível amenizar suas dores. São fantasmas que não sabem pra onde vão porque nunca chegaram a lugar algum. Sofrem de dores sentimentais que só desaparecem quando o rancor é eliminado pelo sangue. Mas custo a acreditar que isso um dia aconteça, pois nunca os vejo fazendo nada para melhorar.

Os fantasmas da minha casa, também sofrem com problemas, mas não querendo defender, eles sabem como atingir sem ferir.

Os passos que ouço nos meus corredores ou cômodos, por mais fortes que sejam, nunca chegam a ensurdecer. No entanto, as vozes que ouço aqui são absurdamente estridentes, numa procura pelo socorro de qualquer coisa. Pedem ajuda para o nada e rogam suas pragas em cima de ninguém. Os passos daqui, na verdade, são sapateados desritmados e sem música. As risadas são um choro sem controle numa busca fracassada pela felicidade. E quando tentam fugir, é exatamente nessa hora que veem que o lugar deles é ali e não há nada a fazer a não ser
esperar,
esperar,
esperar,
suportando as suas próprias verdades.

Nenhum comentário: